“O mundo é sem piedade e até riria/ Da tua inconsolável amargura. (Manuel Bandeira)
Há algo de muito estranho acontecendo no mundo. O poeta nos lembra desse elemento de maldade presente na existência, sem o qual a própria vida não faria muito sentido dentro do cosmos. Deus não poderia criar um mundo sem um certo coeficiente de falta, de imperfeição, pois seria criar um outro Ele e isso seria uma impossibilidade mera e simples: o criador está necessariamente acima da criatura. O mundo nunca foi bem, disso sabemos, mas vai de mal a pior.
Como se já não bastasse a amargura própria dessa porca existência, os comissários do mal não param de trabalhar um minuto sequer. São obsessivos missionários da infelicidade que se dedicam como um imparável tanque de guerra e trabalham dia e noite sem parar com um único intuito: destruir o bem.
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A maldade se vale de uma série de instrumento para trabalhar e o vício é o principal deles. Se a virtude com toda certeza conduz o homem ao caminho da felicidade, predispondo nele as condições habituais para que ele faça aquilo que se deve fazer, o vício faz o caminho contrário: ele leva o homem a agir contra si mesmo e contra a ordem total. Incentivar e disseminar o vício é sem sombra de dúvidas a forma para enlouquecer, enfraquecer e destruir uma sociedade e essa técnica é mais antiga do que andar para frente. Os clássicos casos de Sodoma e Gomorra e do Imperio Romano servem para ilustrar o que eu estou lhes dizendo.
O grande problema é que o peixe de fato não percebe, e não pode perceber, a água em que nada. Isso quer dizer que as cabeças pensantes desse mundo sabem muito bem disseminar o vicio na sociedade em doses homeopáticas, de modo que a língua não perceba o sabor do amargo. Além disso, os comissários da morte sabem muito bem inverter o jogo: fazem um mal parecer um bem. Sempre fizeram assim e sempre o farão: não poderia ser diferente com a pornografia.
O vício em pornografia de fato causa uma série de mudanças cerebrais, tornando o seu consumo cada vez mais dependente e ávido por doses maiores de peitos em pixels. O ponto é que o consumidor de pornografia não vê a água em que nada, não percebe que esse hábito aparentemente despretensioso está, homeopaticamente, roubando a sua vida. De fato, o bom ladrão é aquele que rouba sem ser percebido, que mata sem deixar rastros e que esconde muito bem o corpo da vitima antes da polícia chegar ao local.
Graças ao bom Deus, Humberto Gessinger estava errado: não existe crime sem castigo. O castigo do vício é o sintoma neurótico, é a mentira existencial, é angustia, a tristeza e o peso da consciência moral, quando algo dela ainda resta.
Se o mundo vai de mal a pior, resta-nos apenas levantar a bandeira da virtude. Mesmo em meio ao caos, a virtude ainda nos é uma possiblidade e isso quer dizer que a felicidade pode existir dentro da nossa alma individual. Se o vício em pornografia nos foi empurrado “goela abaixo” por garganta profunda e seus amigos, resta-nos o trabalho de reconstruir a nossa alma mesmo que seja a duras penas, resta-nos a busca pela felicidade e pela liberdade interior. Nenhum mundo estranho pode nos separar desses elementos uma vez que são conquistados.
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