Como chegamos até aqui?
A pornografia está em quase todos os lugares. Querendo ou não, somos o tempo todo bombardeados por estímulos pornográficos que vão desde músicas obscenas que mandam meninas de quinze anos descerem até a boquinha da garrafa, até cenas de sexo explícito em filmes, novelas e seriados.
Uma ida ao shopping center da cidade é suficiente para mostrar o quanto de pornografia nós consumimos sem perceber. Caminhamos pelas lojas e em pouco tempo nos deparamos com uma propaganda sedutora que foi feita justamente para chamar a nossa atenção.
Abrimos as redes sociais enquanto esperamos a comida e doses homeopáticas de pornografia são gotejadas como colírio nos nossos olhos sem a nossa autorização prévia. Estamos bêbados. E nos embebedamos aos pequenos goles de uma bebida aparentemente inofensiva.
O processo de dessensibilização
A verdade é que estamos todos dessensibilizados e não percebemos mais o quanto isso pode ser prejudicial. A proposta desse artigo é justamente expandir o nosso olhar pra esse fenômeno que acontece sutilmente, e que tem um peso enorme na vida de milhares de pessoas.
Vejamos alguns números, caro leitor, antes que o seu coração me condene ao enfado da mera opinião pessoal. Em 2017 o PornHub, um dos maiores sites pornográficos gratuitos do mundo, divulgou algumas das suas estatísticas. A plataforma de vídeos eróticos contabilizou 81 milhões de visitantes por dia, com 28,5 bilhões de visitantes no ano, fazendo mais de 24 bilhões de pesquisas. Isso significa 50 mil buscas por minuto, ou 800 a cada segundo.
Mais de 4 milhões de vídeos foram disponibilizados em 2017 pelo site, reunindo cerca de 595.492 mil horas de visualização. Se alguém decidisse fazer uma maratona pornográfica somente com o conteúdo do Pornhub em 2017, seriam necessários 68 anos para terminar de consumir todo o conteúdo.
Uma pandemia pornográfica
Vivemos uma verdadeira pandemia pornográfica. Mas não estamos falando de uma pornografia leve, que de algum modo sempre existiu na sociedade humana. Estamos nos reportando à um tipo muito peculiar de pornografia: conteúdos cada vez mais hardcores e violentos. Um estudo recente¹ feito com 4009 filmagens heterossexuais dos dois maiores sites pornográficos do mundo (Xvideos e Pornhub) mostrou que as mulheres eram vítimas de agressão em 97% dessas mesmas filmagens, e a maior parte das mulheres respondiam positivamente às agressões. O quão normal isso pode ser?
Podemos acessar pornografia a qualquer momento, em qualquer lugar, em casa, no trabalho, no quarto, no carro, no parque. E a pergunta, caro leitor, continua ecoando dentro do nosso peito: como chegamos até aqui?
Nós crescemos em uma cultura hipersexualizada e isso é um fato. Se ainda nos resta alguma dúvida quanto a isso, basta que revisitemos um pouco a nossa memória e, com um pouco de honestidade, seremos obrigados a testemunhar a verdade. Com a prudência de quem se inspira em Sócrates nós agora seremos testemunha da verdade. Seremos agora mártires (Mártir do grego μάρτυρας quer dizer exatamente isso: testemunha).
Semente plantada há anos
Comecemos com as revistas. Todos nós topamos com pornografia pela primeira vez por acidente, seja através de um colega de escola que nos mostrou algo, ou até mesmo um tio mais velho que queria nos “iniciar” nos assuntos adultos. O acesso era todo complicado: tínhamos que ir até a casa de alguém, ou pagar o preço da vergonha de comprar alguma revista pornográfica na banca.
Existiam também os DVDs das grandes produtoras que podiam ser alugados nas locadoras de filmes. Querendo ou não, era um tanto quanto vergonhoso alugar aquele tipo de conteúdo e justamente por isso era também difícil ter acesso ao pornô explícito. De todo modo, a semente do que vivemos hoje e do que ainda vamos viver pelas próximas gerações já estava plantada ali. Não quero nesse livro fazer uma digressão histórica ou até mesmo filosófica muito longa das origens da pornografia.
Que fique isso para os próximos escritos, quando eu já estiver mais maduro. O que eu quero que você entenda é que o que colhemos hoje é fruto de um processo de dessensibilização gradual, que contou inclusive com o incentivo dos nossos pais e professores.
Se você quiser saber como se livrar de uma vez por todas do consumo de pornografia, conheça o meu curso O RECOMEÇO, clicando aqui.
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